sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"...Ponto Caramelo..."

"... I´d hold you,
i´d need you,
i´d get down on my knees for you
and make everything all right
if you were in these arms tonight..."

O coração bate. Faz a sua função. Pede-me desculpa por me trair. Por te trair.
O anoitecer foi doloroso. Gemi, esperneei, senti. Não queria. Tento desesperadamente fazer-te sobreviver no meu mundo. Como se fosse o teu Deus. Deveras. Não sou mais que uma banalidade e tu compreendes porquê, pensando.
Daí, onde quer que estejas, sabes que venho para a praia escrever porque te sinto aqui. Já cá não vinha há muito. O mar continua a puxar-me tal como fazias ao meu casaco quando querias olhar nas coroas do meu olhar esverdeado pelo sol. As ondas batem sincronizadamente, estranhamente harmoniosas nesta época cinzenta do ano. Sou capaz de confundir a chuva com as minhas lágrimas. Lágrimas que fazem marés, lágrimas que enfrentam as leis da física para cair, apenas cair. O meu corpo pede-me o sal desta água. Tem parte de ti. Amaste-me aqui quando o teu olhar aquecia até a mais gelada das águas. Quando o mar acalmava á tua chegada. Quando saias com o cabelo molhado e o meu ser não queria largar o teu.
Hoje, pois bem. Hoje há uma essência diferente no ar. Vens ao meu encontro mesmo sem te ver. A minha alma cegou nas batalhas que lutei por nós. Mas estás aqui. Tenho a certeza. O teu toque é inconfundível. Continuas com essas mãos geladas que tantos dias aqueci com as minhas. Tocas-me. Arrepio-me. As lágrimas cessam. Devolves-me o calor que há muito havia perdido.
Abraça-me. Beija-me com os teus lábios, vermelhos cor de paixão. Esventra-me com esse suspiro que tira de mim o mundo e as estrelas sem dor. Rasga-me com o teu olhar penetrante, brilhante diria, e solta em mim suores salgados em paixão por ti. Toca-me com as tuas mãos. Ho, por favor, toca-me! Imploro-te…
A chuva cai. Cai e pisa, cai e molha, cai e faz-se ouvir. Cai em mim. Cai em ti. Cai em nós. O teu olhar arrefece-me, mas o bater do teu coração está sincronizado com o meu. Sinto o calor que tens dentro de ti. Apenas o libertas para mim. A minha língua passa sinuosamente no teu corpo despido. Gemo de prazer. Estremeces de paixão. Corro-te nas veias. Sou espectro da tua alma que penetra em mim.
Ho, por favor, quero-te! Desejo profundamente que não sejas mais uma miragem, que não passes de um sonho fruto da minha imaginação sem limites.
Sente-me. Sou, em cada poro que tocas, mais teu. Cada respiração, cada gemido, cada movimento é teu e só teu. Entrelaça os dedos dos meus e não me largues.
Eu preciso de ti aqui.