terça-feira, 23 de dezembro de 2008

*FELIZ NATAAAAAAALLLL*




O calendário natalício que escondia pequenas delicias de chocolate marcava o dia 24. O Cuco do relógio já não cantava, mas sim, espirrava as 11 badaladas, talvez pelo frio que se havia instalado fazia 3 dias ou pela neve que quedava suavemente aqui em wallstreet avenue. Olhava em redor e via a casa decorada a rigor para a altura. Véspera de Natal. Segredavas-me ao ouvido palavras de felicidade contagiante. Sorria como resposta, nunca havia sido de muitas palavras. Os pensamentos levavam-me numa viagem impressionante até ao outro lado do mundo. Pensava nas crianças que queriam comer e não podiam nem por ser Natal, naquelas que queriam que fosse Natal todos os dias porque teriam todos os dias algo com que se alimentar, e naqueles que nem sonhavam que era Natal, na farsa que é dizer que o Natal é sempre que o homem quiser.
Sentia a mão dela no meu cabelo, os lábios dela a procurarem o meu rosto, e a estimularem a minha libido.
Tinha-mos mesa cheia, com todas as iguarias possíveis e imaginarias, e com um aspecto!
Quando tudo está bem os relógios aceleram, o mundo roda mais rápido, os corações batem mais forte.
As dificuldades fazem-nos esquecer que vivemos todos debaixo do mesmo céu, em cima da mesma terra. Abracei-a, e beijei-lhe a testa, senti o meu pequeno mundo á volta dela. era Natal, tempo de festa, tudo parecia alegre, até os flocos de neve deambulavam ao ritmo do vento. No Natal não há política, não há crises, não há inimigos. Pelo menos para os que têm Natal.













Queria desejar a todos um feliz Natal e um Bom ano Novo! O meu vai ser brutaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalllllllllllllllllllllll =P E espero que Ano novo seja mesmo vida nova...Biejinhos abraxox e muitas prendinhas =0)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

...Revolução...

Caio com a cabeça no parapeito da janela, a tristeza pesa mais que a gravidade. A respiração é quase nula como se tivesse a hibernar, a mágoa aperta. Aquela noite. Aí aquela noite! Não me sai da cabeça, é a dor fundeada na minha essência. Cabisbaixo tento olhar em frente, mas não vejo mais que aquela velha árvore do meu jardim. Nestas alturas fala-se para o ar, como se passássemos a acreditar em Deus, como se ele fosse a atmosfera, a água, o céu e a terra.
Não pode ser! A sociedade está em depressão. Porque buscas o que não vês? Acreditas? Acredita! Deus não é ser mais papista que o papa, vestido com longas vestimentas bordadas a ouro, pago com maquias exorbitantes de pessoas que passam fome. É a ironia da vida, o engano dos cegos, a fome dos pobres. Só um louco desejaria sofrer, mas quem sofre jamais perderá a sua humildade. Procura esse equilíbrio. A vida não é fácil. Não te enganes. A minha não é. A tua não há-de ser.
Deslizo para fora daquela janela. Começou a chover. O Vento dança valsas alegres nas copas das árvores. A vontade foi enorme. Apoderou-se de mim. Saí pela porta fora como se esperasse algo do outro lado (ou alguém). Era só chuva. Pronuncio de solidão. Uma pequena flor desabrochava no chão, apesar da Natureza adversa. Passei a mão numa carícia. Como podes tu estar de pé, debaixo da torrente de água, e eu aqui? Perguntei, recordo-me.
Dá força. Liberta esperança. Canta vitória. Não estás sozinho. Luta, a força está na vontade. Emancipa-te. O mundo é bom por ser assim. Tudo sobe, tudo desce. Tudo cresce, tudo acontece. E tu? Revoluciona! Acredita! Sente de coração e deseja!
A chuva parou. O sol raiou. Ela chegou a tua porta…
Dá o grito do Ipiranga!!! Que liberdade...













Peço desculpa pela demora mas as frequencias dão-me cabe dos planos todos =0)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Noites passam, Vidas acontecem...


Pé ante pé entrei. Bati a porta, que chiava como de costume, e senti a atmosfera aquecer-me o rosto, subtilmente, com o calor que fazia adivinhar uma lareira acesa. Vi luz no nosso salão e de esguelha consegui ver-te deitada. Não te queria acordar. Isso seria acender o rastilho de um pote de pólvora. No entanto, tenho contornos de preocupação por ti. Peguei na manta, que muitas vezes nos tapou nas noites de desejo e de entrega, e cobri-te como se fosse o teu progenitor, como se fosses a minha criação. E eras. Eu moldei-te para mim, recordo-me. Dormias sossegada (pensava eu), sentei-me a observar-te, não pensava em nada exactamente mas queria ver-te, já que não tinha coragem de te olhar nos olhos ao menos aproveitava o teu sono para me acobardar. O relógio de parede cantava as 3 badaladas, não se pense que da tarde, mas sim da madrugada. Beijei-te o rosto em tom de despedida, ho se foi! As tuas bochechas rosadinhas pelo calor, contavam-me que havias chorado, faziam-me acreditar cada vez mais na culpa que sentia, mas dava-te valor. Valor por simplesmente chorares. Já não o conseguia fazer, tornei-me tão frio quanto o gelo.
Virei costas e pousei o casaco em cima da cadeira da longa mesa que recheava a sala. Levantaste-te mais rápido do que os meus reflexos conseguiriam prever, impulsionada pela raiva e revolta que fiz crescer dentro de ti, olhaste-me intrépida, não me receavas. Disse-te olá como se não quisesse tocar na tua ferida aberta, e te oferecesse o lenitivo milagroso. Aí é que foi! No meio de discursos inflamados, dissertações mentirosas e fingidas, actos irreflectidos balbuciavam sons estupidamente deprimentes. Ambos sabíamos que o trabalho era uma desculpa oportuna para procurar prazer alheio. Felicidade num prelúdio de infidelidade e culpa. Precariedade substantiva é o que é. A procura do éter da vida, do elixir que torna as horas em segundos, “matryoshkas” que escondem sempre mais um segredo dentro de si sem nunca se revelarem.
As tuas palavras fizeram-me sentir exumado, apátrida, sem rumo, sem nada. Que sujeito trai a mulher que Ama? A tentação é traidora. Faz-nos acreditar no sabor a caramelo, no cheirinho a lavanda, no som de fundo relaxante, no toque suave e doce que jamais terás. Ilusão. O orgulho salvava-me da vergonha (quantas vezes não acontece?), não me deixa baixar a cabeça em tom de desistência. Sempre fui assim.
Paraste. Viste que já não te ouvia. O meu interior repreendia-me mais do que tu. O meu olhar ficou vidrado. Porra! As lágrimas estrearam-se escorregando tristemente no meu rosto. Disse que te Amava…até parecia que ia resolver alguma coisa. Olhaste-me fixamente nos olhos que curiosamente me ardiam, e, ao mesmo tempo, na minha boca um sabor salgado invadia-me as papilas gustativas.
A manhã chegava ao som do galo muito característico da minha localidade. Os raios de sol entravam pelas frinchas ainda abertas da persiana. Já tinha passado muitas noites acordado do teu lado, mas nenhuma como esta. O Amor que sentia por ti nunca se desvanesceu, brincou comigo tão somente. A força invísivel que me atrai para ti não é a gravidade, é algo sem denominação, é mais exacto que a matemática, maior que os Mundos a descobrir. È a vida num sopro. Não me deixes ir…

domingo, 26 de outubro de 2008

…Ensaio sobre a liberdade…





Um dia sonhei ser como tu. Sonhei que eras o meu Deus. Deus das lacunas. Prescrevias o meu comportamento com a tua falsa e exemplar presença. Palavras. Nem me fales em palavras. Não passam de espinhos pontiagudos escondidos por detrás de ilusórias boas intenções. Um dia sonhei-te real. Nunca foste. Mas tentei, ho se tentei!
Confundo tudo o que és. A tua essência soou-me verdadeira. Era fugaz e suja. Já para não falar do teu olhar enganador. Saiu-te ao lado. Não perdoei. Estou melhor agora. Chorei um pequeno regato, mas lembrei-me que sou filho pródigo da vida. Sei mais do que tu. Hoje estou a sentir com todo o meu coração, achei a verdade. Preparaste mil e uma armadilhas. Fui prodígio ao fugir de todas elas. Já não és o meu encosto. Aprecio todos os prazeres da vida. Este jardim dá-me vontade de to provar. O cheiro a lavanda invade-me o olfacto docemente, acaricia-me. Estou prostrado a este brilho que me norteia. Encontro o meu caminho. O meu encosto é este banco do jardim. As pessoas, que passam deambulando sobre as vibrações sonoras dos carros percorrendo as ruas citadinas, mostram-se vivas. È deveras surreal. O sol brilha sob a massa branca e flutuante, animadora até, das nuvens viajantes. Elas trazem verdade de além-mar, já viram as maiores maravilhas do mundo. Olho para cima em busca do verdadeiro Deus. Fecho os olhos. Já não me deixo enganar. Encontrei o meu Alfa e caminho para o Ómega. Tudo tem um princípio, fim, e tempo determinado. Aqui não sou crédulo como me fizeste crer que era. Já sei a diferença entre História e estória. Sinto-me de tal maneira grande que sou capaz de jurar que alguém no espaço me conseguiria ver cá em baixo, maior que a muralha da china, mais alto que o evereste, o meu interior dança como “chiva”, criando os céus e a terra, sábio como “Buda”, secretamente divino. Por falar em segredos. Conto-te um. Fui divino. Tudo te dei, Tudo te tirei.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Intemporal


Cu-cu cu-cu…ao som do cuco e das sete badaladas que marcavam o findar da manhã ali estava eu. A sala de estar estava numa temperatura aprazível, aquecida pela lareira de estilo simplista, e eu sentado no meu cadeirão, ainda de pijama e com um robe para me aconchegar do vento que assobiava lá fora como uma surdina. Passava um homem que, trivialmente, passeava o seu adorado cão, tão velho como o dono, no pequeno e requintado jardim público que cerca a urbe de casas. Louco seria ele, mas mais louco estava eu. O velho deambulava sobriamente quase controlado pelo seu estimado animal, sobre uma chuva ligeira, uma chuva extemporânea, daquelas dignas de um romance. Uma caricatura interessante. Sem sentido. O mundo pareceu-me apenas um pouco mais vazio.
Já não sou Rei da minha pessoa. Estou distante. Esperançado, mas distante. Fantoche deste mundo. Ai, mundo! A realidade é perversa. Deixa-me. Estou bem. Tudo aqui parece sereno, transparente, elevado. Puro. Transcende-me. Estou entre o céu e a terra. Flutuo sobre a neblina flutuante com o espírito livre, emergindo da massa dos homens para tocar Deus. A eternidade num segundo. O efêmero estendido no infinito. O principio do Omega e o fim do Alfa, o Universo num sopro fugaz, suave e saboroso.
Tenho a impressão de que a vida tem um sentido místico onde mil um mistérios por desvender estão camuflados, resguardados, protegidos (será?), para lá do visível, enigmas sumptuosamente escavados em rochas de amor que são palavras em letra antiga, herméticos, velhos sons que não se ouvem mas pressentem-se. Segredo do mundo, o Mundo num segredo.

sábado, 4 de outubro de 2008

Solsticio divino


O vento assobiava suavemente por entre o vazio mudo do Mundo. Cego, surdo e mudo, diria eu. Aquele eucaliptal, que com todo o obséquio presenteava a atmosfera de um odor a menta, juraria eu, divinal.
Era este o caminho que percorria apressadamente, a horas matutinas, frequentemente, só para te ver. Nunca admiti mas era por isso.
Corro atrás do prejuízo, em vão, mas continuo incessantemente em busca do perdão que jamais terei. Sei bem disso. Por detrás de folhas estranhamente verdes na manhã outonal, com o meu código civil abraçado junto ao peito, lá te vejo eu mais uma vez.
É estranho. Estou a 15 metros de ti mas sou capaz de sentir o teu perfume. E o teu cabelo? Ai, o teu cabelo. Um dourado semelhante á areia reluzindo o sol, que, tão bem te fica contrastando com os olhos cor de avelã.
Num momento de loucura sinto os meus pés a querer avançar até ti. Que insanidade. Jamais me quererias ver. O teu sorriso está apagado á meses. Destruí o que mais gostava em ti, o que mais me aconchegava.
Corro no sentido contrário ao teu para evitar o inevitável. O sol aparecia agora por detrás das montanhas. O céu estava limpo. A minha vida um impasse.
O tecido persa ao qual chamo Vida está roto, está estragado, não foi bem tecido nem fiado, ganhou, repentinamente, semelhanças com um vaso muçulmano com toda a sua fragilidade, um tecido indiano com toda a sua pobreza de cor, uma esfinge sem adivinhas nem aventuras, uma pirâmide com um só caminho, uma bíblia em branco, uma montanha sem Maomé, um quotidiano sem conceito.
Nada é certo, mas tu ainda és menos, és a borboleta do meu jardim rosário a qual nunca apanharei. A mais bela. Ninfa num jardim de Ódin, nascida das pétalas de uma rosa branca.
Fiz uma descoberta. O que me prende neste mundo é apenas a gravidade, mas já nem isso me agarra aqui. Se soubesses que o vazio dentro de nós pode ser maior que a própria vida…não sabes, nem sonhas. Neste momento não passo de algo a descobrir por um Newton, ou Einstein qualquer. Sou teoria de relatividade, sou constitucionalmente consuetudinário, sigo-me por leis que não existem mas que são palavra da razão. Tu és imperial, a tua indiferença é bárbara, eu sou muralha da china feita em pó.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

espelho meu espelho meu...

Com que então não gostas do que vês ao espelho, muito bem, espelho enganador esse que tens. O que é o espelho mais do que um pedaço de vidro emoldurado para atrair a sua clientela? E atrai, la isso atrai o safado…é um espelho suportável até.
Mas o teu, santa glória e paciência, é horrivel!
Tenho movido mundos e fundos para te ver sorrir todos os dias da minha vida mas esse espelho veio ca meter o nariz onde não era chamado agora.
Há espelhos disformes, até caleidoscópios existem…são espelhos enganadores como o teu!
Até a branca de neve teve mais sorte com o espelho que lhe calhou.
Mais ridiculo ainda, achas-te feia? Mas diz-me uma coisa o teu espelho e baço não é?
Abala-me sabes…não sei se é o espelho que te engana, que te ofusca, ou se ele te deixou entrar por entre o seu vidro duplo e não te deixa sair. Estas perdida nesse antro de luz cintilante como cristais, concluio…
Agarra-te a mim eu ajudo-te, sempre o fizeste, aprende a “cair” e a “levantar”, sei lá tenta, amor, agarra o meu latim não o desperdices, solta-te de onde quer que estejas porque eu quero a melhor pessoa da minha vida não o que resta dela.

sabes tu mais que eu?


Sonho com aquele dia, aquele… uma vez mais resultado final: adiado! Não sei, reparem, não sei, expressão pouco vulgar em mim. Desde quando “não sei”? Não sei porquê que deixo a pessoa que mais Amo na vida sofrer, não sei porquê que te deixo passar por isto, só sei que não posso perder a vida que tens nas tuas mãos, tu que me fazes viver e olhar mais além, que me fazes acreditar que tudo é possível do teu lado.
Corro atrás do prejuízo, mas a vida é traidora! Num dia abraça-nos de felicidade, no outro afoga-nos em dor. Vivo mal por um ódio inexplicável da pessoa que me devia apoiar primeiramente. Sabedoria não me falta, paciência é de Jó… para grandes problemas, grandes soluções. Aparte do facto de eu já não saber pensar em grande e de não ter a mínima ideia de como acabar com o martírio reajo como o bom português, fico a espera de um tal D. Sebastião ancorado ao seu mito numa denominada “manhã de nevoeiro” algures numa terra do reino intelectual Português como diria Fernando pessoa na sua “Mensagem”.
Algures, um iceberg deve estar a derreter para apagar o fogo diabólico que consome o ar da minha vida e se alastra sem barreiras. Sufoca-me. Encharca-me de fumo. Não me leves contigo! Tenho força para dar. Vida para aproveitar. Felicidade para construir. Um mundo para descobrir. Um desafio para vencer. Uma palavra a cumprir. E um Amor a prosperar para toda a eternidade!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

...Amigos Amigos namorado a parte...


Desistir ou não desistir eis a questão! Já não sei como obter respostas, estou a cometer o maior erro e não sei solucioná-lo, o erro de pensar em vez de sentir, erro comum mas fatal a muitos bons congéneres humanos.
Neste momento sou o folhado denso da copa de uma árvore, não vejo o que vem para lá do topo, não vejo o céu…tenho curiosidade de o ver, mas estou preso…
Não me vejo em bom porto, já nem consigo ver o meu rosto espelhado na mais límpida água…está baço como quando se toca com a pontinha do dedo na mais calma laguna e de um epicentro afastam-se ondinha pequeninas e a imagem desfigura-se.
Noz a quem não tem dentes não é verdade?
Cresço, cresço mas nunca deixo de ser menino com coração de leão!
È o mundo nos meus ombros, e ainda assim resisto a tentação que é desistir…

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Palavras da Alma





Abro o livro da alma e leio mesmo as entrelinhas...quem disse que não havia leitura de sentimentos? Sigo fielmente as regras de escrita nesta panóplia de ilusões encantadas, escrevo com tinta minha, desta que só existe dentro de cada um de nós.
Viro lentamente para a próxima página, ainda pensando no que já havia lido, e murmurando palavras até para mim desconhecidas. Amo esta descoberta: a de me ler, a de me descobrir, a de me surpreender. E agora que me questiono vivo mais, sinto mais...sinto cada palavra a rejubilar como um cristal e cada linha a levar-me para outra dimensão. Sinto-me indómito!
São dois prazeres simultâneos, estes que eu sinto. Em cada linha o aprofundamento. Em cada linha a expansão. Ora, aprofundas o conhecimento pessoal, mas ao mesmo tempo libertas-te.
Desenho cada letra como a última, e tudo reflecte o mais profundo desejo, o mais profundo regozijo....palavras escritas que me beijam e me aquecem.
Este é o sentir da alma, o despertar do desejo. São as questões para as quais não encontro resposta. Tudo pode ser transparente e opaco no mesmo segundo. Tudo pode ser mais um passo, mais um sorriso, uma esperança.
Esta é uma campina que ainda terei de explorar, um caminho que terei de cruzar sozinho, caminho esse que está alojado na linha ténue entre o existencialismo e o segredo da minha divindade.
Quantas estrelas nos separam dessa glória? Quando parará o Tempo e será lido o nosso Destino? Só a alma responde, entrelinhas, às nossas incertezas.
Caminho no sentido de descobrir quanta luz tem o cosmos do meu interior, quanta verdade tem o bater do meu coração. espero que alguém ouça este grito abafado que solto e que vai preso em cada suspirar.
Já não vejo uma, senão um sem fim de dimensões...todo o meu olhar se perde, toda a minha alma deseja. Busco sentidos, perco-me em mim.
A minha escrita é intemporal. Parece que, para além de viver com o mundo, vive em mim mesmo. Poder-se-ia pensar, que num espaço fechado, apertado. Mas não...é vasto; perde-se na memória. É a grandiosidade que nos torna pequenos, sem rumo. Um grito aqui dentro é um murmúrio entre todas as esferas. Aqui só a certeza delirante e ilusória de que temos vida é espelhada , soa, e sibila. Aqui toda a mágoa é criada e apagada. É a essência da vida controlada por algo mais forte que a própria realidade...
Há um vento dentro de nós que, ora nos abraça, ora nos fere com imposições que não desejamos. Aprendemos com cada gota de tinta o que é sofrer mas também o que é ser feliz, como aprendemos com cada gota de chuva o que é chorar, o que é crescer. Percebo, finalmente, que escrevo como quem pinta uma aguarela. Dissolvo a tinta da cor com que vês o Amor e a dor, de certa forma flagelada, gasta, exânime, de matiz paradoxal ao que me falas com o teu olhar.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

certezas para quê?


Olhava para todas as paredes, para todos os cantos, para todas as frinchas…fugia daquele calendário que tinha pendurado e que mostrava aquela data de á três anos atrás, quando me dei a ela pela primeira vez, quando a tive pela primeira vez, quando disse pela primeira vez na minha vida que a Amava de verdade…Amar de verdade é suicídio!
Aquele primeiro beijo, em tudo perfeito, era o primeiro beijo de adeus. Quando me desejavas boa noite estavas a querer dizer até nunca. Hoje sentia saudade…
Deu-me uma súbita vontade de sair pela porta que dava para o exterior, para o mundo da acção, para a vida; saí devagarinho para me habituar aos raios solares que já não me tocavam de á três anos até a data, decidi caminhar para onde quer que os meus pés me levassem. Quando dei por mim estava já a 5 quarteirões da minha casa, os meus pés não paravam, continuavam afincadamente. Até que, esbarraram naquela avenida…
Pensei que ganhava ao passado nas rectas, mas, ele apanhou-me na curva!
Ali estavas tu! Vendias sorrisos como sempre, lançaste outro feitiço de Amor, não sei bem se tenho inveja ou pena… o que é certo é que há coisas que nunca mudam!
Lembro-me dos rios que chorei, agora estranhamente secaram, perderam caudal. Tenho um dilema. Não sei que fazer. Tinha uma falsa esperança que voltasses para mim. Seguiste a tua vida.
Agora é ele que te diz o que queres ouvir…
Queria ser eu a dizer-te as palavras que tanto precisas, dizer que te Amo, que estou sempre do teu lado, que os teus olhos brilham e me aquecem, que gostava de ser o ar que respiras, que eu sou teu…mas não, estas palavras já não as ouves de mim, mas são minhas!
Procuro na minha sabedoria interior a resposta para o que fazer, acho que a descobri, deixo-te caminhar lado a lado com o teu novo Amor. Viro costas. Sinto uma mão nas minhas costas, deduzo por segundos que seja o peso da minha consciência a empurrar-me para fora daquele teatro mal encenado. Mas era ela! Viu-me e correu para me vir perguntar como estava…pergunta estúpida para a ocasião diz ela…de facto era! Mas pouco me importava. No meio daquele silêncio dizes-me que tens saudades minhas…pfffffff…ridículo!
Um dia quis-te ganhar no teu jogo, mas hoje, o jogo é meu! Hoje brilho como um diamante! Rolo como um dado que calha mesmo no número seis…a sorte protege o audaz. Caia o Carmo e a trindade se estiver errado! Hoje jogas a tua parte, hoje jogo o meu jogo!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Sería assim...


Apesar de te detestar, sinto-me preocupado. Sei que estás aí no teu cadeirão em forma de casulo e com cheirinho a menta como é habitual, e para mim muito familiar, debruçada sobre as cartas que te enviei mas que tu nunca leste. Já não aguento mais, uso e abuso do meu bom senso mas o coração fala mais alto e faz-me caminhar na direcção daquela porta ao fundo do meu corredor, semi-pintado. Pego na gabardine, não sei bem se para me proteger da chuva que cai pesadamente lá fora, ou, para me sentir mais seguro, para receber a segurança que tive em tempos do teu lado. Saio apressadamente, ouço os meus paços na água que rasteja, dirijo-me para tua casa a três quarteirões da minha, a cada passo sinto mais força de vontade, a cada paço sinto mais medo, a ferida aberta no meu coração lateja a cada segundo, paço na porta daquela casa com a velhinha á janela e alcanço a tua no meu horizonte visual…Avanço para a tua porta e sinto-me vazio; outrora levaria um ramo de flores, ou uma caixinha daqueles chocolates que tanto adoras…agora levava-me a mim num tal estado de descontrolo que o meu corpo perdia a coordenação e já não aparentava ser tão atlético como habitual. Bati a porta sem saber bem como…os segundos pareciam passar como a torrente de água que enchia as ruas ruidosamente.Abriste-ma com ar esperançado. Ao veres-me adoptaste um rosto de quem queria dizer tudo mas nada saía. Tentaste falar mas logo te parei…silêncio era imperativo! As minhas cicatrizes eram cortes profundos de palavras tuas! As tuas palavras ainda me apareciam fantasmagoricamente no pensamento e ainda me valiam as lágrimas que me vias a escorrer agora no rosto. Choras em consonância comigo…não sei se te choras ou se me choras…tenho pena de ti, não devia, não podia, mas tenho. Abraças-me, como fazias em tempos quando me levavas o pequeno almoço á cama logo pela manhã, pedes-me desculpa com todo o coração… vejo que tens a lareira mal acesa, nunca a acendias na perfeição sem mim, montes de papeis queimados são agora cinzas, levam memórias e pagas caro por isso…memórias queimadas, jamais abandonadas! Vives naquilo que queimas-te, foste consumida com o fogo que deficientemente criaste; mas espera, estou cá eu…deixa-me fazer parte dos 5 minutos de história que tivemos, deixa-me fazer cumprir o resto do meu destino, deixa-me amar-te como te prometi…diz-me em que parte do passado me deixaste!