Às vezes ainda tenho esperança. Esperança de não ter pena daquilo que te tornas-te, e do mundo que tens vindo a alicerçar em areias de papel, que desesperadamente tentas adornar com cheiros de tempos novos, e rechear com rebuçados de mentol para disfarçar a decomposição em que entraste. Criações tuas a que dou pouca importância. Adiante. Já vi mundos como o teu desmoronarem com uma só palavra, e já vi mundos mais sólidos do que esse nascerem do vazio, porque o vazio é espaço para preencheres. Mas a tua falta de estabilidade vai-te fazer cair no vazio (eu bem sei), e desta vez não vais ter quem te segure. Sim, era eu quem te segurava, quem de mão forte te agarrava e te sorria, abertamente e quase intuitivamente, para ganhares força. Quem sabia tocar-te e fazer-te sentir, quem te dava uma vida.
Partiste. Levaste-me contigo. Esbofeteaste-me, e deixaste-me ao relento. A chuva molhou-me menos que as lágrimas, mas daí nasceram novas raízes que vieram a florescer. Fui adaptável, como me caracterizavas. Criei civilizações de Amor, carinho, esperança renovada, e vontade de viver. E mais, construi uma personalidade tão alta e profunda como a torre de Babel, em pastagens de uma fertilidade incomensurável, impenetráveis para alguém como tu!
Hoje vejo o sol com um sorriso mais verdadeiro do que o que me ensinaste a ter, tenho um olhar mais brilhante que qualquer chama que procures, e a praia que ontem vi já não abraçava a tua imagem ou qualquer tipo de miragem que te envolvesse.
Querer-te é dizer pouco, respeitar-te é demasiado.
Cansado de escrever amarguras, e relatar falsas alegrias. Cansado de te rever em todo o lado, e de te querer ao meu lado. Hoje escrevo sobre a falácia que é a minha tristeza, para te mostrar a minha pura e mais que verdadeira felicidade.