Hoje acordei e o mundo estava escuro e sem sabor, a vida
havia definhado, e o calor sentia-se gelado, em formato de calafrio. Porque te
escondes nesse teu refúgio estreito, coabitando com as cores mais escuras dos
nossos corações, erros da nossa criação, quando o dia só é dia quando tu
sorris, e a noite só se encerra no céu quando os teus olhos se fecham ansiosos
por descanso? A luz só rasga o mundo quando tu te levantas com essa coragem sem
fim, e a vida só aparece quando tu pisas a terra com os teus pés de princesa de
conto de fada, adornada do teu vestido branco esvoaçante e dos teus cabelos
dourados que diria darem cor ao sol. Aliás meu amor, tu dás cor ao mundo, ao
meu mundo, ao nosso mundo, e se grande algum dia esse mundo for, eu to deverei
a ti! Por isso deixa-me segurar o embaraço dos teus cabelos e tirar o peso que
exerce sobre os teus ombros. Deixa-me beijar-te e retirar os anseios
esmagadores de que padeces no íntimo da tua alma. Deixa-me segurar no mundo
contigo e ser a tua força até que encontres força em ti e o cansaço fuja com
medo do teu tão enorme tamanho, meu amor. Permite-me tirar o teu vestido e ver-te
por dentro, segurando o Amor que é tão maior que eu e tu, e acrescentar em ti
mais daquilo que a nós jamais pertencerá. Bebe dos meus lábios o fluido que
derrama em ti a paixão, e deixa-me banhar-te nessa água salgada que purifica as
nossas Almas, para que num abraço renasçam juntas, mais fortes, maiores, mais
nossas!
Por favor segura a minha mão, porque sem a tua mão não existe
estrutura que se sustente de pé, o mundo começa a ruir, e a alegria foge com
pretensões longínquas. Levanta-te neste dia mais meu amor, para que o sol volte
a brilhar, e o calor possa aquecer o meu coração. Caminha até aos meus braços
para que num abraço sem fim te leve nesta viagem cheia de trilhos difíceis que
é a vida, sussurrando-te ao ouvido a promessa de que jamais te deixarei cair.
Hoje eu sou força e tu descansas!
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