sábado, 7 de novembro de 2009

"...Derreter da lua..."




"...The autumn leaves drift by my window
The autumn leaves of red and gold
I see your lips the summer kisses
The sunburnt hands i used to hold..."









Perdi um minuto. Apenas um. Um minuto da minha vida de mão dada á tua, sabendo, claramente, que era tudo que nos unia. Não éramos mais que dedos entrelaçados na tentativa de recuperar os minutos perdidos de toda uma vida. Subscrevo. Era o vazio completo. No entanto era aí que achava a minha força de vontade, tornava o vazio em espaço e preenchia-o com o sol de outras paragens. Eu e tu não passávamos da ilusão na ilusão, éramos projecto embrionário de um Amor requintado e, inédito ou não, recheado de prazeres escondidos por ventos desnorteados.
O engraçado é isto que me rodeia. As folhas outonais caiem lentamente, descansando no chão e colorindo-o de tons de amarelo, laranja, e um dourado subtil. Os rouxinóis assobiam canções como se de harmónicas se tratassem. Enchem a atmosfera de ruídos perfumados e de voos sinuosos cortando o vento.
Na praça os namorados caminham lado a lado acariciando os seus rostos, beijando as suas bochechas, bailando de mãos dadas na valsa do Amor cuja banda é a filarmónica das árvores que virtuosamente abanam os seus ramos criando uma batida harmoniosa ao ritmo do vento galopante.
Contra a maré de pensamentos descobri-te ao meu lado. A tua mão abraçava a minha e o teu corpo aquecia o meu. Tu sorrias-me, e, por um momento, o primeiro e insondável momento, fiquei feliz. Consegui sorrir-te com o brilho da lua, e apercebi-me que no teu olhar detinhas uma aurora boreal de completude da minha alma. O segredo estava em descobrir-me em ti. Agora entendo. Tinha desistido á muito de me procurar em ti, sabendo desde sempre que o fundamento da minha vida era o brilho do teu olhar. Eu saía de ti no teu suor, circulo-te nas veias, sou o brilho do teu olhar, e o desejo mais profundo na tua alma era o meu corpo deslizar sobre o teu naquela praia em que assistíamos ao pôr do sol.
Mal ou menos, é esta a verdadeira pandemia do mundo. Individualizamo-nos quando no mundo somos um só. Vivemos cegos por nós próprios quando, amiúde, somos deveras melhores quando nos encontrámos dentro das pessoas que mais Amamos.
O sol do Outono fugia no horizonte dando lugar á lua cheia, e a um friozinho, agora, estranhamente agradável. Sentei-me ali mesmo. Cheirei, senti, saboreei, a atmosfera circundante. Recordei-me que se não fosse a capacidade de sentir o mundo era pintado a preto e branco, dei o valor que já devia ter dado á muito ás pequenas coisas. De pequenas coisas se fazem as grandes. De um simples olhar nascem paixões eternas.

4 comentários:

Mara disse...

As tuas descrições levam-nos para outro mundo.
Esta teu texto deu-me muita calma. E isso é bom :)

beijinho

Nádia Santos disse...

"De um simples olhar nascem paixões eternas..."
Sem duvida é das melhores frases que se podem sentir.
Há quem deixe de acreditar no que é eterno, mas eu ainda vejo as coisas assim.
Realmente a pessoa de quem falas tem muita sorte...pois não é todos os dias que as veias espelham a magnificiencia de um ser incorporado no outro...

Tens jeito para falar com a escrita, não ponhas de lado esse dom...pois quem quer ter, não tem, quem tem por vezes não lhe dá importância! Existe tb quem o tenha, mas tenha perdido a fé nas palavras...

bjocas

Efeito Borboleta disse...

Será que o amor é msmo essa coerência de sentimentos?
Afinal se o amor é um sentimento único e inexplicável, conseguirá alguém arranjar termos e factos irrefutáveis para o explicar?

Escreves com a coerência sufuciente para parecer coerente. Mas pareces confuso.

Gostei.

B disse...

as saudds que eu tinha de te ler.
gostei :)