Às vezes ainda tenho esperança. Esperança de não ter pena daquilo que te tornas-te, e do mundo que tens vindo a alicerçar em areias de papel, que desesperadamente tentas adornar com cheiros de tempos novos, e rechear com rebuçados de mentol para disfarçar a decomposição em que entraste. Criações tuas a que dou pouca importância. Adiante. Já vi mundos como o teu desmoronarem com uma só palavra, e já vi mundos mais sólidos do que esse nascerem do vazio, porque o vazio é espaço para preencheres. Mas a tua falta de estabilidade vai-te fazer cair no vazio (eu bem sei), e desta vez não vais ter quem te segure. Sim, era eu quem te segurava, quem de mão forte te agarrava e te sorria, abertamente e quase intuitivamente, para ganhares força. Quem sabia tocar-te e fazer-te sentir, quem te dava uma vida.
Partiste. Levaste-me contigo. Esbofeteaste-me, e deixaste-me ao relento. A chuva molhou-me menos que as lágrimas, mas daí nasceram novas raízes que vieram a florescer. Fui adaptável, como me caracterizavas. Criei civilizações de Amor, carinho, esperança renovada, e vontade de viver. E mais, construi uma personalidade tão alta e profunda como a torre de Babel, em pastagens de uma fertilidade incomensurável, impenetráveis para alguém como tu!
Hoje vejo o sol com um sorriso mais verdadeiro do que o que me ensinaste a ter, tenho um olhar mais brilhante que qualquer chama que procures, e a praia que ontem vi já não abraçava a tua imagem ou qualquer tipo de miragem que te envolvesse.
Querer-te é dizer pouco, respeitar-te é demasiado.
Cansado de escrever amarguras, e relatar falsas alegrias. Cansado de te rever em todo o lado, e de te querer ao meu lado. Hoje escrevo sobre a falácia que é a minha tristeza, para te mostrar a minha pura e mais que verdadeira felicidade.
12 comentários:
Lindoooo!!
Cheio de sentimento. Adorei a última parte!
A vida é cheia de altos e baixos. Temos de dar mais valor ao que somos, à nossa felicidade, e aprender e recuperar das quedas que damos sem contar! Se não somos nós a fazê-lo, ninguém o fará por nós...
Parabéns pelo texto!
jinhx =D
Diogo,
Eu já tei de forma mais privada a minha opinião sobre este texto. merecia muitos comentários, aplausos e sorrisos, mas não me quero estender muito, por achar, primeiro que era presunção e falta de humildade minha tentar desvendar o que te vai na alma, sou demasiado pequena para isso. e depois, ele vale só por si...
Mas ouve,numa noite calorenta de verão, numa noite em que me encontrava no mesmo barco que tu, disseram-me, em tom de brincadeira : 'Podes tropeçar, podes cair,tropeçar, podem-te pisar, podes-te arrastar...Quando de levantas,é possivel que saias manco,ferido, para a vida toda. Mas levantas-te'.
È bom ver como fos-te e és todos os dias forte o suficiente para te levantares. E também acaba por ser bom ver como és humano (e homem) o suficiente para admitir e respeitar (e adorar, quem sabe) as tuas marcas. as tais que ficam para a vida toda. Tu sabes.
Quando tenho a noção de que escreves com o coração, quero chegar aqui e continuar a ler sobre paz, nunca sobre mágoa :)
Um beijo de quem torçe por ti :),
Diana *
tens noção que eu nem palavras tenho para descrever o que senti ao ler este teu texto? está lindo :|
(espero bem que sim, que seja para melhor. in ou felizmente passo por situações no meu dia a dia que me ensinam a ser forte, e não até que ponto ser-se forte é bom.
* e não sei até que ponto
nunca escondi dor que fosse. nunca fui orgulhosa até esse ponto. não vou guardar sempre tudo para mim, é horrível. mas também não a mostro sempre, chega a um ponto que a tenho de controlar, não existe mais solução. mas por agora parece que tenho imunidade à dor.
Adorei!
Eu também acho. As melhores coisas não têm que ser necessariamente materiais :)
« Esperança de não ter pena daquilo que te tornas-te, e do mundo que tens vindo a alicerçar em areias de papel, que desesperadamente tentas adornar com cheiros de tempos novos, e rechear com rebuçados de mentol para disfarçar a decomposição em que entraste. »
Gostei realmente desta parte :o
É sempre uma delícia ler-te :)
Gostei :)
Tem razão, eu sou muito feliz :D
Mais uma vez arrepiante! Sentimento agarrado a cada frase escrita, é impressionante como nunca perdes esse fio de pensamento...
E agradeço os teus comentarios, é tao bom ler essas tuas boas palavras! :)
:O
Adorei Diogo, acredita!
Em cada palavra que escreves, transmites para quem lê, diversos sentimentos. Escreves realmente muito bem. Fiquei deveras encantada!
Parabens! :D
Querer-te é dizer pouco, respeitar-te é demasiado.
Cansado de escrever amarguras, e relatar falsas alegrias.
Ainda bem que accionaste 'the move on button' :) *
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