sábado, 29 de maio de 2010

"...O mar que te dei..."

Sabes, hoje procurei-te. Reformulando. Procurei o teu antigo mundo. Aquele que deste a perder sem imaginares as consequências, sem pensares se eu iria ser dado como perdido com ele, aquele que me fazia sorrir mais do que qualquer outro.
Às vezes ainda tenho esperança. Esperança de não ter pena daquilo que te tornas-te, e do mundo que tens vindo a alicerçar em areias de papel, que desesperadamente tentas adornar com cheiros de tempos novos, e rechear com rebuçados de mentol para disfarçar a decomposição em que entraste. Criações tuas a que dou pouca importância. Adiante. Já vi mundos como o teu desmoronarem com uma só palavra, e já vi mundos mais sólidos do que esse nascerem do vazio, porque o vazio é espaço para preencheres. Mas a tua falta de estabilidade vai-te fazer cair no vazio (eu bem sei), e desta vez não vais ter quem te segure. Sim, era eu quem te segurava, quem de mão forte te agarrava e te sorria, abertamente e quase intuitivamente, para ganhares força. Quem sabia tocar-te e fazer-te sentir, quem te dava uma vida.
Partiste. Levaste-me contigo. Esbofeteaste-me, e deixaste-me ao relento. A chuva molhou-me menos que as lágrimas, mas daí nasceram novas raízes que vieram a florescer. Fui adaptável, como me caracterizavas. Criei civilizações de Amor, carinho, esperança renovada, e vontade de viver. E mais, construi uma personalidade tão alta e profunda como a torre de Babel, em pastagens de uma fertilidade incomensurável, impenetráveis para alguém como tu!
Hoje vejo o sol com um sorriso mais verdadeiro do que o que me ensinaste a ter, tenho um olhar mais brilhante que qualquer chama que procures, e a praia que ontem vi já não abraçava a tua imagem ou qualquer tipo de miragem que te envolvesse.
Querer-te é dizer pouco, respeitar-te é demasiado.
Cansado de escrever amarguras, e relatar falsas alegrias. Cansado de te rever em todo o lado, e de te querer ao meu lado. Hoje escrevo sobre a falácia que é a minha tristeza, para te mostrar a minha pura e mais que verdadeira felicidade.

12 comentários:

Isabel disse...

Lindoooo!!

Cheio de sentimento. Adorei a última parte!

A vida é cheia de altos e baixos. Temos de dar mais valor ao que somos, à nossa felicidade, e aprender e recuperar das quedas que damos sem contar! Se não somos nós a fazê-lo, ninguém o fará por nós...

Parabéns pelo texto!

jinhx =D

Anónimo disse...

Diogo,


Eu já tei de forma mais privada a minha opinião sobre este texto. merecia muitos comentários, aplausos e sorrisos, mas não me quero estender muito, por achar, primeiro que era presunção e falta de humildade minha tentar desvendar o que te vai na alma, sou demasiado pequena para isso. e depois, ele vale só por si...
Mas ouve,numa noite calorenta de verão, numa noite em que me encontrava no mesmo barco que tu, disseram-me, em tom de brincadeira : 'Podes tropeçar, podes cair,tropeçar, podem-te pisar, podes-te arrastar...Quando de levantas,é possivel que saias manco,ferido, para a vida toda. Mas levantas-te'.
È bom ver como fos-te e és todos os dias forte o suficiente para te levantares. E também acaba por ser bom ver como és humano (e homem) o suficiente para admitir e respeitar (e adorar, quem sabe) as tuas marcas. as tais que ficam para a vida toda. Tu sabes.
Quando tenho a noção de que escreves com o coração, quero chegar aqui e continuar a ler sobre paz, nunca sobre mágoa :)

Um beijo de quem torçe por ti :),

Diana *

Daniela Filipa Costa disse...

tens noção que eu nem palavras tenho para descrever o que senti ao ler este teu texto? está lindo :|
(espero bem que sim, que seja para melhor. in ou felizmente passo por situações no meu dia a dia que me ensinam a ser forte, e não até que ponto ser-se forte é bom.

Daniela Filipa Costa disse...

* e não sei até que ponto

Daniela Filipa Costa disse...

nunca escondi dor que fosse. nunca fui orgulhosa até esse ponto. não vou guardar sempre tudo para mim, é horrível. mas também não a mostro sempre, chega a um ponto que a tenho de controlar, não existe mais solução. mas por agora parece que tenho imunidade à dor.

AB disse...

Adorei!

AB disse...

Eu também acho. As melhores coisas não têm que ser necessariamente materiais :)

« Esperança de não ter pena daquilo que te tornas-te, e do mundo que tens vindo a alicerçar em areias de papel, que desesperadamente tentas adornar com cheiros de tempos novos, e rechear com rebuçados de mentol para disfarçar a decomposição em que entraste. »
Gostei realmente desta parte :o

Mara disse...

É sempre uma delícia ler-te :)

Anónimo disse...

Gostei :)
Tem razão, eu sou muito feliz :D

Catas disse...

Mais uma vez arrepiante! Sentimento agarrado a cada frase escrita, é impressionante como nunca perdes esse fio de pensamento...
E agradeço os teus comentarios, é tao bom ler essas tuas boas palavras! :)

AnaBrito disse...

:O

Adorei Diogo, acredita!

Em cada palavra que escreves, transmites para quem lê, diversos sentimentos. Escreves realmente muito bem. Fiquei deveras encantada!

Parabens! :D

qel disse...

Querer-te é dizer pouco, respeitar-te é demasiado.
Cansado de escrever amarguras, e relatar falsas alegrias.


Ainda bem que accionaste 'the move on button' :) *